quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Dragonforce


Se você acha que a Alemanha detém o monopólio do mercado do power metal, é bom dar uma repensada em suas idéias: quem vem dominando essa cena no momento são os ingleses do Dragonforce, com uma trajetória digna de registro e repleta de autoconfiança. Esses jovens cavaleiros do metal estão se tornando populares, também, por saírem à luta não em nome de donzelas indefesas ou dragões, mas de Atari e Nintendo. O batera David Macintosh falou com a gente e contou muito mais sobre a banda.

KR Cbpmusic-Vocês iam tocar no famoso CBGB’s, em Nova York. O show já estava com os ingressos esgotados quando foi subitamente cancelado. Por que isso aconteceu?
DAVID MACINTOSH –
Nós estávamos prontos para ir, providenciando papelada, vistos etc. Quando chegamos à embaixada para confirmar tudo, apareceu um problema com o visto de Herman [Li, guitarrista]. Parece que ele tem um homônimo com antecedentes criminais. Teria que ser feito um grande levantamento para que tudo se esclarecesse e enquanto isso não acontecesse, ele não seria autorizado a entrar no país. Por isso, acabamos tendo que cancelar. Foi algo muito decepcionante, ficamos muito chateados com isso. Ele até se dispôs a tocar um solo de guitarra lá na embaixada pra provar que ele era músico, mesmo, mas os caras não toparam [risos].

KR Cbpmusic – Falando sobre o novo disco, Inhuman Rampage, ele me pareceu muito melhor do que os dois anteriores. Ele também é muito rápido, mas com melodias mais agressivas e muitos riffs grudentos.
MACINTOSH –
Quando começamos a banda e lançamos Valley Of The Damned [disco de 2003], só queríamos tocar e levar nossa música aos fãs. No segundo disco [Sonic Firestorm, de 2004], começamos a explorar novos elementos. Além disso, procuramos melhorar enquanto músicos e compositores. Já em Inhuman Rampage [que saiu em 2006] estamos procurando preencher os espaços que ainda estão vazios. Os discos anteriores têm alguns momentos mais tranqüilos, por assim dizer, enquanto este é mais cru e mais “na cara”. E nós achamos que ele flui muito bem.

KR Cbpmusic-Então, você diria que ele é o melhor disco que vocês já lançaram?
MACINTOSH –
Eu acho que todo disco que fazemos tem algo de especial. Por outro lado, ainda encontramos neles aspectos em que podemos melhorar. Na verdade, nós estamos permanentemente tentando melhorar. Levamos seis meses para gravar o disco e até o dia em que completamos a mixagem estávamos mudando detalhes. Se não tivéssemos um prazo para entregar o disco, acho que ainda estaríamos no estúdio [risos]. Em cada álbum procuramos extrair a melhor sonoridade possível. O primeiro era mais direto, o segundo já explorava estruturas sonoras menos usuais e nesse último tentamos extrair uma sonoridade de guitarra diferente.

KR Cbpmusic-Há algumas partes no disco que soam como se fossem teclados, mas, pelo que sabemos, são guitarras, mesmo.
MACINTOSH –
Sim, há alguns trechos no meio das músicas que parecem teclados mas são guitarras com efeitos gerados em computador. Herman e Sam [Totman, o outro guitarrista da banda] criaram algumas frases e efeitos interessantes e até inventaram nomes para eles – tipo “ruído de elefante” ou “som de Pac Man” [risos]. Tem um que que se chama “vidro quebrando” que parece um sample de teclados mas que, na verdade, é feito por guitarra. Esse é o tipo de recurso que te permite fazer uma quantidade infinita de coisas. Por isso, acho que a principal influência desse álbum são as trilhas sonoras de jogos para computador. Todos nós crescemos jogando videogames o dia inteiro. Jogos como Donkey Kong, Pac Man, Mario Brothers, Contra e muitos outros têm trilhas muito interessantes, com músicas cheias de melodia, e elas tiveram uma grande influência sobre o som da banda, tanto que em Inhuman Rampage você pode perceber isso de maneira bem clara.

KR Cbpmusic-Sim, isso é algo realmente diferente. Afinal, não são muitas as bandas que foram influenciadas por Pacman...
MACINTOSH –
É isso mesmo [risos]. Eu sei que isso deve soar bem estranho pra muita gente, mas nós procuramos fazer um disco que tivesse uma sonoridade que não fosse parecida à de nenhum outro. E baseamos nossa música nessas trilhas porque ninguém no mundo ainda fez isso. Você até pode encontrar bandas que usem esses elementos na sua música, mas não com a intensidade, as melodias e a velocidade que o Dragonforce coloca nela.

KR Cbpmusic-No começo de 2006, o baixista Adrian [Lambert] deixou a banda. Por que ele saiu?
MACINTOSH –
Ele teve que sair porque tem um filho e estava ficando complicado pra ele conciliar isso com as tours, que estão se tornando cada vez mais intensas. Ele precisava de mais tempo para ficar com a família. Tem um músico que está nos ajudando, mas nós estamos procurando alguém para se efetivar na banda.

KR Cbpmusic-Foi graças à internet que vocês conseguiram se tornar conhecidos, não é mesmo?
MACINTOSH –
Sim, isso nos ajudou muito, mesmo. Foi assim que nós conseguimos, inclusive, abrir shows para Stratovarius e Halford. Quando nós começamos, gravamos a demo de Valley Of The Damned, que acabou se tornando muito popular e foi baixada do nosso site por gente de todo o mundo. Isso foi muito bom para nós porque, antes mesmo de lançarmos nosso primeiro álbum, já tínhamos uma considerável quantidade de fãs. E quando o disco saiu, as coisas começaram a acontecer. Participamos de tours com bandas como WASP e Iron Maiden, além de fazermos alguns shows como atração principal. Passamos a ver o Dragonforce quase toda semana na Kerrang [revista inglesa de música], o que era algo bastante bizarro para nós!

KR Cbpmusic-Existe uma grande quantidade de bandas com “dragon” no nome. Isso não gera uma certa confusão?
MACINTOSH –
É, tem muitas bandas usando essas palavra no nome, mesmo, e eventualmente rola algum tipo de confusão. No começo, a banda se chamava Dragonheart. Mudamos porque havia vários grupos com esse mesmo nome. Mas Dragonforce é um nome bastante forte, que gruda na cabeça.

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