terça-feira, 4 de março de 2008

Iron Maiden de Volta com a Somewhere In Time Tour




O grupo britânico Iron Maiden realizou neste domingo (2) a primeira etapa da edição brasileira da "Somewhere Back in Time World Tour 2008", em show lotado para 37 mil pessoas no Parque Antártica, São Paulo. Com ingressos para esta apresentação esgotados dias depois de colocados à venda, em dezembro, a excursão mundial já passou por Índia, Austrália, Japão, EUA, México, Costa Rica e Colômbia, antes do grupo pousar em solo brasileiro na última sexta-feira (29), a bordo de um Astraeus Boeing 757, pilotado pelo vocalista Bruce Dickinson.

O roteiro da turnê engloba basicamente os temas clássicos do Iron Maiden da década de 80, período que compreende o melhor de seu catálogo: os álbuns "The Number of the Beast" (1982), "Piece of Mind" (1983), "Powerslave" (1984), "Somewhere in Time" (1986) e "Seventh Son of a Seventh Son" (1988). O cenário é inspirado na iconografia dos álbuns e mistura elementos visuais das diferentes fases, contextualizando o material abordado e as diversas reencarnações do mascote Eddie, o referencial maior da estética do grupo desde os primórdios.

A abertura do espetáculo ficou a cargo da cantora Lauren Harris. Acompanhada por um trio básico de rock, a filha de Steve Harris apresentou seis músicas em pouco menos de meia hora, dentre elas "Let Us Be" e "Steal your Fire". Foi bem recebida pela platéia, em parte pela boa aparência e também por seu acessível hard rock oitentista de matizes metálicas. Adolescente com postura de veterana, sua apresentação evidenciou o apreço em comum pelo som pesado entre diferentes gerações, tanto no palco como na platéia.

Após uma rápida chuva de verão, o Iron Maiden entrou em cena pouco depois das 20h, com "Aces High", seguida de "2 Minutes to Midnight". A formação atual com três guitarristas --Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers-- também é atrativo à parte, pois realça no palco detalhes de overdubs dos registros em estúdio, como é o caso das harmonizações de guitarras, executadas com perfeição, em "Revelations" e "The Trooper", entre outras passagens. Além disso, um dos maiores apelos de público da atual excursão é a revisão de números alheios ao repertório de suas turnês mais recentes.

Na primeira mudança do painel de palco, a esfinge de "Powerslave" remeteu os mais velhos à primeira passagem do Iron Maiden pelo país, na primeira edição do festival Rock In Rio (1985), com a "World Slavery Tour". O vocalista Bruce Dickinson até relembrou a ocasião, ressaltando o início do caso de amor da banda com a América do Sul, especialmente o Brasil, em virtude do acolhimento caloroso por parte do público. E a resposta da audiência comoveu o cantor, que chegou cobrir seu rosto com a bandeira nacional. Dickinson também falou sobre a vida na estrada e antecipou "Wasted Years", seguida de "The Number of the Beast" e "Can I Play with Madness".

Na seqüência, o Iron Maiden apresentou dois temas que justificam toda a badalação da atual turnê: "Rime of the Ancient Mariner" e "Powerslave", itens de destaque da discografia da banda, estrategicamente colocados no meio do roteiro. Antes de cantar a primeira, o vocalista reiterou que a letra da música foi baseada em poema épico do escritor inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834). Vestido de preto, em referência à morte, Bruce Dickinson declarou que o poeta hoje se mostra profético, "com o mundo derretendo sob os nossos olhos". E o publico respondeu à altura durante o momento solo do baixista Steve Harris no meio da música, quando a multidão acendeu as chamas de seus isqueiros.

Fãs subiram ao palco em "Heaven Can Wait", seguida de "Run to the Hills". E se hoje os músicos não possuem o mesmo vigor das primeiras ocasiões em que se apresentaram no país, porém a experiência conta muitos pontos a favor. Por essa razão, as faixas-títulos dos álbuns "Fear of the Dark" (1992) e "Iron Maiden" (1980) fazem a cronologia pendular para além da fase áurea retratada no roteiro da turnê, mas também acabam por contextualizar a importância histórica do Iron Maiden oitentista, com Bruce Dickinson nos vocais. E como convém à tradição, o mascote Eddie entrou em cena durante a canção epônima, desta vez em sua encarnação ciborgue, da fase "Somewhere in Time".

Após pausa de cinco minutos, Harris volta para a parte final do show e acena com a bandeira brasileira. Bruce Dickinson promete mais uma volta ao Brasil com toda a indumentária e efeitos pirotécnicos da turnê e revela que o baterista Nicko McBrain promete vir ainda antes, para "nos torturar com workshops de seu instrumento". Com introdução de Dave Murray ao violão, a banda toca "Moonchild", seguida de "The Clairvoyant" e "Hallowed Be Thy Name". Após duas horas de espetáculo, o vocalista agradece aos brasileiros pela noite maravilhosa e a execução dos 16 temas mostra que a popularidade do metal permanece intacta com o passar das décadas.

O Iron Maiden prossegue turnê brasileira com as etapas em Curitiba (4) e Porto Alegre (5), antes de encerrar a excursão para América do Sul com apresentações na Argentina (7) e Chile (9).

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