quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Painmuseum, o projeto porradaria do guitarrista de Rob Halford


Ecletismo talvez seja a melhor definição para o trabalho do guitarrista Metal Mike Chlasciak. O cara fez fama como guitar da banda solo de Rob Halford, do Judas Priest, e, no final de 2006, rodou os Estados Unidos com a banda solo de Sebastian Bach, ex-Skid Row, que estava abrindo a turnê do Guns N’Roses. No entanto, não espere ouvir hard rock ou heavy metal clássico no trabalho solo de Chlasciak, pois o projeto Painmuseum é porrada pura, thrash metal violentíssimo com generosas doses de death metal. É exatamente isso que você vai encontrar em Metal For Life, último disco do grupo, que saiu no Brasil há alguns meses, através do selo Rock Machine.

“Os fãs podem ter certeza que encontrarão um álbum e uma banda que têm compromisso com o metal honesto. Metal For Life captura a melhor essência do heavy metal e espero que ele seja para os fãs aquilo que meus discos favoritos de heavy metal foram pra mim um dia”, defende Chlasciak, em entrevista exclusiva pra RB. “O próprio título do álbum [‘metal pra vida toda’, em tradução livre] é uma espécie de compromisso meu com o estilo que eu amo e no qual eu invisto todas as minhas habilidades. Para mim, ser um guitarrista de metal não foi uma escolha, é algo que está em minha natureza.”

A própria capa do disco reforça essa idéia e mostra ícones metálicos dos anos 80, como a mão fazendo o tradicional “chifrinho”, braceletes e um cinto de balas. “Aquela mão da capa é minha e escolhi essas imagens porque não tenho medo de mostrar ao mundo exatamente como me sinto. Mas nunca pensei nos elementos dessa capa como ícones dos anos 80, esse tipo de pensamento nunca passou pela minha cabeça quando gravei o disco”, diz ele. “Apenas fiz o que achava certo e espero que esse CD tenha um lugar no coração dos fãs de metal, assim como ele tem lugar no meu. As críticas dos jornalistas foram muito positivas. Agora quero ouvir a opinião da comunidade do metal.”

Para um disco que tem ícones do metal na capa, nada melhor do que chamar músicos que são verdadeiros ícones do metal para tocar nele. Chlasciak investiu pesado e trouxe de uma vez o baixista Steve DiGiorgio (Death, Sadus, Atheist, Autopsy, Testament, Control Denied, Vintersorg, Iced Earth) e o baterista Bobby Jarzombek (Watchtower, Demons & Wizards, Riot, Rob Rock). “Eles são amigos meus de longa data, foi importante ter gente como esses caras tocando comigo no disco. Eles são músicos inacreditáveis, nos divertimos muito durante o processo de gravação”, vibra Chlasciak, que também conta com a dupla como companheiros de banda no projeto solo de Sebastian. “Acho que você pode dizer que o Sebastian contratou o Painmuseum, mas mudou o vocalista [risos].”

O trabalho ao lado de Sebastian, aliás, ocupou toda a agenda de Chlasciak no final de 2006, uma vez que o ex-cantor do Skid Row estava em turnê pelos Estados Unidos com o Guns N’Roses. “Fizemos Europa e EUA com o Guns, foi maravilhoso. É muito bom chegar a tantos fãs diferentes em tantos lugares distintos do mundo. Temos um ônibus imenso para a turnê norte-americana e, caso você queira saber, sim, tem festa toda noite [risos]! O Guns tem uma importância grande no rock americano, é uma honra fazer essa turnê com eles”, diz.

Além de trabalhar com Axl Rose e Sebastian Bach, o guitarrista Chlasciak atuou também com mais dois ícones do rock, uma vez que já tocou com Rob Halford e Chuck Billy, do Testament. “Esses caras são importantes, né?”, brinca o guitarrista. “Eles são ícones do rock mundial, são ‘the real shit’, como se diz aqui nos EUA. O Axl, por exemplo, é um cara muito legal e simpático, apesar de tudo que falam dele. E o Axl ama música e se importa muito com os amigos.”

Já a respeito de Sebastian, o guitarrista é só elogios e até esteve no Brasil com ele, em 2005. “Cara, eu precisaria de uma entrevista inteira só pra falar do giro pelo Brasil!”, brinca Chlasciak. “Os fãs brasileiros são realmente os mais loucos do mundo, é impressionante! E as garotas brasileiras... Uuhhmm... Quero voltar assim que possível [risos]! Eu adoro tocar no país, as duas vezes em que estive aí foram muito boas. Em 2001, estive com o Halford no Rock In Rio III e foi sensacional também.”

Paralelamente ao álbum Metal For Life, o Painmuseum decidiu inovar e soltou um EP intitulado You Have The Right To Remain Violent, que esteve disponível inicialmente apenas na internet, para download legal através do conhecidíssimo serviço iTunes, da Apple. “Se você quer o EP, vai lá no iTunes, compra as músicas e elas estarão em seu computador em dois minutos. Você não precisa ir até uma loja para comprá-lo”, defende o guitarrista. “Mas o melhor disso tudo é que o dinheiro vai direto para o artista e não para alguma gravadora gananciosa. Dessa forma, as bandas podem investir em produções melhores, o artista tem mais controle sobre o que ele realmente vende. Acho que é um excelente jeito de se comprar legalmente música pela internet.”

Apesar de aprovar o novo modo de vender seu trabalho, Chlasciak não dispensa o velho hábito de ter seu CD favorito original em mãos. “Cada vez mais as pessoas compram música através de downloads. Porém, eu ainda prefiro que todos os nossos trabalhos também estejam disponíveis em CDs, sou do tipo que gosta de manusear o CD, que gosta de colecionar os produtos originais.”
E a coleção de Chlasciak promete aumentar agora em 2007, pois Rob Halford fundou um selo chamado Metal God Entertainment para relançar toda sua discografia. “Sim, ele vai relançar Resurrection, Crucible, Live Insurrection e também Metal God Essentials Vol. 1, que contém duas músicas novas, Forgotten Generation e Dropout”, informa o guitarrista. “Eu adorei ouvir esses discos novamente, especialmente Crucible, que é meu favorito e foi remixado e remasterizado. Ficou maravilhoso. Acho que agora os fãs vão realmente ouvir o álbum soar como deveria.”

Pra finalizar o papo, Chlasciak acredita ser muito positiva essa onda toda de novas bandas investindo na fórmula do heavy metal dos aos 80. “Acho isso muito bom, pois mostra o poder da música. As pessoas não podem ficar muito tempo longe do que é realmente bom, não é?”, brinca ele.

[Foto: Rock Machine/Divulgação]

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